quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Dillo Daraujo - Compositor, Multi-Instrumentista e Cantor.

Nasci em Brasília - DF. Meu primeiro contato com a música foi na barriga da minha mãe. Meu pai é músico autodidata, vivia cantando, então quando não era música ao vivo em casa, era na vitrola. A obra de Luiz Gonzaga me remete a essa época. Quando via o Programa do Chacrinha  eu ficava desenhando as guitarras que apareciam na TV e fazia réplicas de papelão. Me lembro de ter feito uma Gibson SG, e passar a tarde brincando de ser guitarrista.

Mas, meu primeiro instrumento foi o acordeon, aos sete anos de idade, por influência do pai e paixão pela música de Luiz Gonzaga. Conheci a música de Jimi Hendrix e logo percebi a semelhança entre o blues do Gonzagão e o baião de Hendrix ou vice e versa, fazendo desses mestres a linguagem e o vocabulário de meu som na guitarra.
Quando criança, assisti a um show de uma banda de baile, não me lembro do nome da banda, foi num lugar aberto, depois de um comício creio, mas eu era muito pequeno, daí ao ver aquele palco, aquelas luzes, aquele som de bateria, baixo e guitarra juntos..., já era!!!

Aos 15 anos troquei a sanfona pela guitarra elétrica, e em pouco tempo passei a ser considerado, como músico,  na cena brasiliense, tocando com artistas de diversos estilos, integrando bandas de expressão da cidade e  participando dos discos de diversos artistas como Renato Mattos, Gisa Pithan, Celso Salim, Tijolada Reggae, entre outros. Paralelamente, comecei a compor o material que resultou no meu primeiro CD solo, CrocoDillo Gang, influenciado por artistas como Lenny Kravitz e Ben Harper.

Mestiço, é o meu segundo trabalho, que acabou sendo considerado uma das revelações do blues rock brasileiro dos últimos anos. O álbum, que inicialmente se chamaria "Mosaico", ao contrário de seu antecessor, "CrocoDillo Gang" (2004), apresenta, à pedidos, composições 100% em português. Outra marca desse disco é a experimentação, resultando em uma mistura um tanto quanto rara e prazerosa de ritmos e influências diversas, entre elas, funk, soul, samba-rock e música regional brasileira e latina.




Jacaretaguá, meu mais recente álbum, foi o que mais barulho fez do ponto de vista de repercussão, entrou nas listas de melhores álbuns de 2012. Ele foi gravado em parte no estúdio, e outras coisas gravei em casa mesmo.

Como condução de carreira os exemplos que tenho aqui (Bsb) são exatamente o que não se deve fazer. Toquei com alguns artistas geniais embora contraproducentes, e porque não dizer irresponsáveis. Mas se eu tiver que citar um artista que me inspirou como músico e performer: Renato Matos, gênio inquieto e um cara que eu gosto de estar perto até hoje.
É difícil listar as músicas que marcaram minha infância, porque tenho a vida permeada por músicas desde a gestação, mas vou citar algumas.

Infância: Serrote Agudo, Mangaratiba, Estrada de Canindé: Luiz Gonzaga.

Adolescência: Knockin on heavens door: Bob Dylan. Pais e filhos: Legião Urbana. Alagados: Paralamas. A versão de Starman do David Bowie. Putz..., centenas de sons.

São ou foram importantes em Brasília para minha carreira: Meu pai, meu tio Sinezio, meus cunhados que me compraram instrumentos, meus companheiros de bandas, se eu for citar um por um vai demorar, são trinta anos envolvido com música. O pessoal do SESI me apoiou. As bandas que me influenciaram, não só as que expandiram pra fora do DF, mas as que ficaram também, como Os Diklebs, Marssal, Os cachorros, Radical sem dó...

Minha linha do tempo sonora: A voz do meu pai - Asa Branca - Homem Primata - Another Brick In The Wall - Whole Lotta Love – Superstitions - Almost Morning – Estilhaço - A rã.

No meu player hoje rola Música do mundo inteiro de todas as épocas, mas predominantemente João Donato e Hermeto Pascoal, Música Caribenha, e muito Blues and Roll.

Está faltando profissionalização em Brasília. A cena aqui é amadora, ta cheia de bandas “cover”, daí o movimento não se fortalece, seremos sempre colonizados. Mas é o perfil do brasiliense, cidadão acomodado. Aqui é notória a letargia intelectual, e onde não há inquietação, não há efervescência artística.

Brasília nunca foi a Capital do Rock, hoje menos ainda.

Não tenho apego ao meio físico, tive que me livrar dos vinis por conta das andanças pelo Brasil, meus bens são praticamente minha guitarra, meu Ipod, meu Lap e a escova de dentes. Tudo isso vai no meu case da guitarra. Sou bicho solto em constante movimento, material e imaterial.

Participei de muitos discos, talvez não me lembre de todos, mas vou tentar:

  •      Gisa Pithan – DF.
  •      Diró Nolasco (o que for bom) – DF.
  •      Renato Matos (MPTudo) - DF.
  •      Clube do Som – DF.
  •      Tijolada Reggae (Segundo) – DF.
  •      Cadabra  (solstício) - DF.
  •      Celso Salim (Gonig out tonight) – DF.
  •      Celso Salim (Big City Blues) – SP.
  •      Rafael Cury (Trapped in the past) – SP.
  •      Brazilan Blues Band (novo) – DF.
  •      Kracatao (musica para esportes) – RJ.
  •      Mundo Groove – RJ.
  •      Thaís Fread – RJ
  •      E é claro os Meus: CrocoDilloGang /DF, Mestiço/RJ” e Jacartaguá.


Tenho curtido cada vez mais participar de projetos paralelos ao meu como autor, como por exemplo, tocando guitarra na banda Paradiso ou no Sistema Criolina. Além disso tenho feito cada vez mais trilhas para cinema, recentemente gravamos a musica do longa metragem o Ultimo Cine Drive In de Iberê Carvalho.

A recente turnê pela Austrália, ano passado, foi a minha experiência mais gratificante fora do Brasil. Tocamos em diversas cidades onde o público sempre nos recebeu de forma calorosa, a audiência aplaudindo-nos de pé era uma constante.

É possível viver de musica aqui ou em qualquer parte, agora isso dependerá de suas ambições. Se você quiser comprar casas e carros, sugiro outra profissão, agora se sua ligação com a música for algo transcendental, espiritual e existencial ai nada afetará essa relação. A receita é trabalhar muito e com seriedade.

Meu processo criativo é caótico. As vezes acordo no meio da noite e escrevo uma letra, outras vezes uma melodia vem do nada, mas também trabalho na base do raciocínio, se não estou inspirado acabo teimando e fazendo algo completamente pensado. Enfim, não tem regra e acontece diariamente.

Pra quem tá iniciando? Aprenda com seus ídolos, processe o que aprendeu e devolva ao mundo essa mistura com seu próprio sotaque, faça sua própria música, transforme seu colégio, seu bairro, sua cidade e ganhe o mundo!

www.dillo.com.br

2 comentários: