Nasci em Caxias no Maranhão e sempre gostei de música. Mas,
quando ganhei uma guitarra de brinquedo, aos 9 anos, acho que ali se acendeu
uma chama. O que eu me lembro é que lá
no interior do interior do Maranhão eu ouvia o que vinha do canto das
quebradeiras de coco babaçu à beira das cacimbas e das festas tradicionais,
então era muita cantiga de bumba-meu-boi, João do Vale e Luiz Gonzaga.
Aqui em Brasília na década de 1970 nós morávamos na casa de
uma tia e me lembro de acordar todo domingo ouvindo Roberto Carlos num programa
de Rádio, que um primo mais velho escutava. Nas ruas e feiras de Ceilândia, via
e ouvia muitas duplas de repentistas e emboladores. Nos rádios e vitrolas dos
vizinhos ouvia muito Odair José, Fernando Mendes, Evaldo Braga, Antonio Marcos,
Vanusa e Diana, entre outros. Tudo nessa vibe. Era isso que o povo mais ouvia e
amava. Muito bom!
Algum tempo depois é que fui conhecer Zé Ramalho, Chico Maranhão, Xangai,
Décio Marques, Elomar, Vital Farias, Quinteto Violado, Carlos Pita... Até
chegar a James Brown, Michael Jackson, Fela Kuti, Salif Keita, Yellowman, Toots
Hibbert, Bob Marley, Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Frank Zappa... Acho que
já ouvi de quase tudo um pouco nessa vida.
Em 1980 fui estudar na EIT e conheci uma turma que fazia
arte por lá, teatro principalmente. Mas, logo descobri que teatro não era a
minha. A galera fazia um laboratório meio esquisito. De olhos vendados ficavam um
tocando no outro, independente de que sexo era. Aquilo me causou um certo estranhamento.
Lembro também que via um garoto tocando violão e cercado de meninas (não me
lembro bem se o garoto era o Nema Antunes ou o Luciano Prates). Enfim, ali
decidi que queria aprender a tocar violão pra me dar bem com as menininhas da
escola também.
Na verdade eu comecei meio como produtor. Fazia umas ruas de
lazer e concertos musicais com uns amigos lá no Setor “O”. Isso foi de 1982 à
1986. Na época, meu universo musical era mais para a MPB regional e meus
contatos eram com essa turma. Vou tentar lembrar alguns: Bando Desemprego (Gagá, Beto Lôra e Silvão), Mário Lacerda, Itiquira (Nancy, Gilson, Quinho, Betão, Margô e Diró), Feira Livre (Batata e
Uchoa), Terra Molhada (Rai e Bodão), Norte e Sul (Mongol, Luciano e Eduardo
Pitombo), Théo Gomes, Carlinhos Gomes, Robson Rodrigues, Bilia, Cacau, Zelito
Passos, Vozes e Acordes (Marinho Lima e Boréu)...
Tinham também os poetas: Pezão, Paulo de Tarso, Paulo Kauim,
Natinho, Cacá, Dedé, Turiba, Jorge Amâncio, Zunga, Soter... Além da turma do teatro: Grupo Retalhos, Esquadrão
da Vida, Udi Grudi, Nilson Rodrigues, Nivaldo Ramos, Miquéias Paz, Miltinho,
PP, Chico Simões, Zé Regino, Marcinho (Botequim Blues), Shirley, Rose,
Carlinhos Babau, Mangueira Diniz e Humberto Pedrancini, entre outros.
Mas a primeira vez que pisei no palco para show meu, foi no
início de 1985 no Teatro Rolla Pedra com o grupo Bando Desemprego, do qual fiz
parte antes de formar a banda Afrodisia em 1987.
A partir daí eu comecei a ouvir os “rumores” de bandas de
rock e outros estilos, como: Detrito Federal, 5 Generais, Finis Africae,
Pânico, Beta Pictores, Peter Perfeito, Mata Hari, Filhos de Menguele, Nexo
Explícito, Capacetes do Céu, Mel da Terra, Akneton, Vagabundo Sagrado, Pravda,
Sorriso Oculto, Falange do Medo, Diklebs, Equatorial, Argumento Z, Ária Tribo, Renato
Matos, Sinal de Fumaça, Trem das Cores, Asé Dudu, Obina Schock, Fama, Oficina
Blues, Ligação Direta, Adriano Faquini, Fernando Corbal, Beirão, Cassia Eller,
Janete Dornelas, Eduardo Rangel, Invoquei o Vocal, Célia Porto, Suzana Mares,
Rubi, Liga Tripa, Paraibola, Coisa Nossa, Choro Livre, Clodo, Climério e
Clésio, Terno Elétrico, Elffus e Banda da Terra, para citar alguns. Além da
turma do Rap que já sinalizava sua força enquanto movimento.
Acho que a cena independente do DF na época passava por um
período de renovação, misturando velha e jovem guarda num balaio só. Com
certeza eu era da jovem.
Dois shows me fizeram muito querer subir no palco e fazer
algo diferente, não me lembro do período exato, mas foi depois que vi os shows
do Arrigo Barnabé (Clara Crocodilo) e Itamar Assumpção na Funarte pelo Projeto
Pixinguinha.
Bando Desemprego
- Foi a minha primeira experiência musical em grupo. Eu tava começando a
aprender violão e eles compraram um de 12 cordas, falaram que ninguém iria
tocar e perguntaram se eu queria tocar e entrar para o grupo. Disse que sim na
hora. Como é bom ter 20 anos e medo de nada. O meu primeiro show com eles foi
no Teatro Rolla Pedra. Me lembro também
que eles já curtiam muito o Liga Tripa e me apresentaram algumas canções dos
caras. Tocamos em muitos lugares como
Clube Primavera, CIT, Escolas e alguns festivais (a gente até conseguiu
alcançar uns 3º ou 2º lugar). Mas era massa.
Um pouco antes ou paralelo a esse período eu formava a dupla "Marcão e Tatinha", fizemos apenas dois ou três shows. Um deles aconteceu no Teatro Galpãozinho da 508 sul pelo projeto "Feira de Música", que era produzido pelo Néio Lúcio, se não me falha a memória. Lá tivemos os nossos "15 minutos de fama" e logo fomos para o Bando Desemprego.

Banda Afrodisia - Foi fruto de um amadurecimento natural e loucura do Fernandez, que me incentivou a montar um trabalho próprio e com uma proposta mais ousada. Ele até tentou me ajudar a arranjar alguns músicos para me acompanhar. Mas, o Trem das Cores acabou indo acompanhar o Renato Matos. Então arregacei as mangas e fui juntando a galera. O Quinho (percussionista) me ajudou a convidar o Bené Batera e o Betão, que queria porque queria tocar guitarra. Mas, eu já tinha o Mano e encasquetei que ele tinha a cara do baixo. O cara acabou se firmando no instrumento e pode se considerar um dos baixistas de reggae que mais tem a pegada roots aqui em Brasília. Pelo menos que eu conheça.
Formada em 1987 e extinta em 1997, a banda Afrodisia foi uma das primeiras a disseminar o reggae no DF e a introduzir uma linguagem libidinosa na temática de suas letras.
Só conseguimos gravar uma "DEMO" com 5 músicas e tiragem de 500 fitas K7. Só tenho 2 exemplares, imagino que o restante tenha sido vendido e/ou distribuiído por aí.
No link http://www.youtube.com/watch?v=7aOoWgJBses dá para ver uma amostra da banda ao vivo. Começa com um "clipzinho" meio tosco, mas, depois tem a banda tocando ao vivo. A formação era a mesma que gravou a "demo", Edu Brito (guitarra), Betão (baixo), Marco Túlio (teclado), Ocrão (bateria) e Hélio Franco (percussão). Na fita, ainda contamos com as participações de Alciomar Oliveira (trombone), Marcelinho Souza (trompete) e Marcelo Bernardi (teclados).
Brasília
é a capital de todos os sons. Desde sempre rola de tudo aqui nessa cidade. Pode
até ser que em um determinado momento existiu mais bandas de rock do que de
outros estilos. Hoje tem rolado muito mais grupos de choro e samba, por
exemplo. O importante é que cada estilo que vai chegando tem o seu lugar e
alguém pra levar um pouco mais adiante.
Atualmente faço produção de colaboro como letrista nos trabalhos da minha esposa, a cantora e compositora Georgia W. Alô, e dos meus filhos com a banda 10ZER04 além do recém formado duo de música eletrônica Lua Elétrica & Satélites Graves, com o que eles chamam de Raptrônico.
Às vezes sou contratado também para coordenar a produção de alguns shows e eventos com artistas nacionais e locais. Além de discotecar em festas produzidas por amigos, tocando música regional nordestina (Forró Tradicional, Coco, Maracatu, Boi, Baianado, Chulas...) e/ou Black Music (Soul, Funk, Disco).
Atualmente faço produção de colaboro como letrista nos trabalhos da minha esposa, a cantora e compositora Georgia W. Alô, e dos meus filhos com a banda 10ZER04 além do recém formado duo de música eletrônica Lua Elétrica & Satélites Graves, com o que eles chamam de Raptrônico.
Às vezes sou contratado também para coordenar a produção de alguns shows e eventos com artistas nacionais e locais. Além de discotecar em festas produzidas por amigos, tocando música regional nordestina (Forró Tradicional, Coco, Maracatu, Boi, Baianado, Chulas...) e/ou Black Music (Soul, Funk, Disco).
O resumo da trajetória do meu primo Marcos Assunção é LINDO. Até hoje achava que por ser mais velho que ele, só eu lembrava as quebradeiras de coco babaçu e das cacimbas do interior do Maranhão. Já na Ceilândia, cheguei atrasado o rádio do nosso primo foi trocado por uma radiola, mas o cantor não foi mudado. Por falar em rádio, fui ouvinte e admirador do seu programa apresentado na Rádio Cultura – FM, com poesias e músicas nordestinas de qualidade. Sou testemunha desta linda história. Marcos, PARABÉNS!
ResponderExcluirTRAJETÓRIA DE UM PRIMO MÚSICO
ResponderExcluirA tia em referência é a Tia Noca (Joana Silva), minha mãe. O primo mais velho é o Valter Abreu, meu irmão. A primeira casa de Marcos Assunção no DF foi a nossa, na Ceilândia, onde aprontávamos muito. Os compositores da época e músicos citados no texto, foram influências necessárias para a obra e veia musical do primo. É por isso que acho, que as músicas compostas por Marcão, ao longo de sua carreira, foram banhadas nesse mar de poesias líricas desses comprositores. Parabéns, Marcão, grande primo!!!